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Empreender no Brasil é um desafio que exige coragem, dedicação e uma boa dose de planejamento financeiro. Em tempos de juros elevados, muitos questionam se vale mais a pena aplicar seu dinheiro em renda fixa do que arriscar tudo em um negócio.
Mas a verdade é que não se trata de uma escolha excludente: o segredo está em saber equilibrar e diversificar os investimentos.
Enquanto a Selic se mantém em patamares elevados, investidores conseguem retornos atrativos sem grandes riscos. Por exemplo, com 14,75% ao ano, R$ 1 milhão rende aproximadamente R$ 147 mil sem que o investidor precise mover um dedo.
Ainda assim, milhares de brasileiros seguem empreendendo, colocando energia, tempo e capital em seus sonhos. E é justamente por isso que a diversificação se torna indispensável.

A Ilusão da Estabilidade Empresarial
Um dos maiores erros dos empreendedores é acreditar que, após algum sucesso inicial, o negócio estará sempre seguro. Esse excesso de confiança pode ser comparado àquela pessoa que empina uma moto e, por não cair da primeira vez, passa a repetir o ato até o dia do acidente.
Empreendedores vivem meses de faturamento alto e, em seguida, enfrentam oscilações inesperadas. Muitos acabam reinvestindo todo o lucro no próprio negócio, acreditando que isso garantirá crescimento contínuo. Mas quando ocorre uma crise, esse mesmo negócio pode afundar, levando junto todo o patrimônio pessoal do empreendedor.
Separar a pessoa física da jurídica é o primeiro passo. E isso começa com uma atitude simples: abrir contas bancárias separadas. Mesmo que você seja MEI, deve ter uma conta para a empresa e outra para suas finanças pessoais. Dessa forma, é possível entender claramente quanto dinheiro é seu e quanto pertence ao seu CNPJ.
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Defina um Valor Fixo de Retirada
Outro erro comum é viver com base no lucro total da empresa. O ideal é estabelecer uma “remuneração” mensal. Ela pode não ser registrada como pró-labore (para evitar encargos), mas deve respeitar um limite, preferencialmente inferior a 50% do lucro líquido do trimestre.
Com isso, você evita comprometer o capital da empresa em meses ruins e passa a construir uma rotina de investimentos pessoais que podem, inclusive, resgatar a empresa em tempos de dificuldade.
Não Reinvista Tudo no Negócio
Reinvestir parte dos lucros é estratégico. Mas aplicar 100% do retorno no próprio negócio pode ser uma armadilha. É essencial separar um percentual dos ganhos e investir em ativos que gerem renda passiva, como títulos públicos, CDBs, fundos imobiliários, CRIs e CRAs.
Essa reserva vai funcionar como um “colchão de segurança” pessoal. Caso o mercado oscile ou sua empresa passe por uma fase de baixo desempenho, você terá fontes de receita para sustentar sua vida e manter a sanidade financeira.
A Regra dos 25%: Caminho para Liberdade Financeira
Uma das estratégias mais eficientes para construir estabilidade é simples: invista 25% da sua renda mensal. No início pode parecer pouco, mas esse hábito, mantido por anos, cria um efeito exponencial.
Um empreendedor que aplica essa técnica de forma consistente, alcançando rendimentos medianos, pode chegar à aposentadoria com uma renda passiva superior a R$ 17 mil mensais. E o melhor: essa quantia não depende do desempenho da empresa.
Invista Fora do Seu Setor
Outro erro recorrente: investir na bolsa apenas em empresas do mesmo setor que o seu. Um dono de posto investe na Petrobras; um varejista, em Magazine Luiza. Mas isso cria uma armadilha de risco: se seu setor vai mal, é provável que as ações também sofram.
O ideal é buscar setores descorrelacionados ao seu ramo de atuação. Se você é do comércio, pense em tecnologia, agronegócio, energia ou saúde. Isso amplia sua exposição de forma inteligente e reduz a dependência de um único mercado.
Os Ativos Mais Indicados
Para começar, opte por ativos de baixo risco. Títulos públicos do Tesouro Direto (como Tesouro IPCA+), CDBs garantidos pelo FGC e fundos de renda fixa com boa gestão. Com o tempo, inclua fundos imobiliários (FIIs), ETFs, CRIs e CRAs isentos de IR, e até mesmo ações e criptoativos.
No Brasil, ativos do setor imobiliário e do agronegócio têm incentivo fiscal. Muitos papéis oferecem retorno IPCA +8% ou mais, protegendo seu dinheiro da inflação com previsibilidade.
Se você for conservador, pode manter até 70% da carteira em renda fixa. Se for moderado, 50%. O importante é criar uma base sólida antes de partir para investimentos mais arrojados.
Conclusão: Não Viva no Fio da Navalha
Se sua empresa quebrar e, em dois meses, você não conseguir pagar suas contas pessoais, algo está errado. Empreender é correr riscos, mas isso não significa ignorar a necessidade de proteção financeira.
A diversificação dos investimentos é mais do que uma recomendação: é uma estratégia de sobrevivência. Empreendedores bem-sucedidos sabem que o crescimento empresarial deve caminhar lado a lado com a construção de um patrimônio pessoal seguro.
Invista tempo aprendendo, estabeleça metas claras e comece o quanto antes. A liberdade financeira é uma jornada, e cada real bem investido é um passo mais perto de conquistar a segurança que você merece.