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Os negócios familiares representam a espinha dorsal da economia brasileira, gerando empregos e movimentando setores variados.

Contudo, manter essas empresas relevantes ao longo do tempo exige mais do que tradição: é preciso diversificar, profissionalizar e atrair talentos para que sobrevivam às transformações do mercado.
O peso das empresas familiares no Brasil
Segundo o Family Business Survey 2023, realizado pela PwC, as empresas familiares seguem predominando na economia nacional, mas enfrentam desafios críticos relacionados à sucessão, à gestão profissionalizada e à atração de talentos.
Indicador pesquisado | Percentual | Fonte |
---|---|---|
Participação das empresas familiares no total de negócios no Brasil | 85% | PwC – Family Business Survey 2023 |
Empresas familiares que possuem plano estruturado de sucessão | 24% | PwC – Family Business Survey 2023 |
Empresas familiares que afirmam ter dificuldade em atrair talentos externos | 41% | PwC – Family Business Survey 2023 |
Empresas familiares que diversificaram operações nos últimos 5 anos | 37% | PwC – Family Business Survey 2023 |
Esses dados mostram que, embora o modelo familiar seja dominante, muitos negócios ainda carecem de estratégias sólidas para enfrentar os desafios de longo prazo.
A diversificação é apontada como um dos pilares para a longevidade de empresas familiares. Não depender de um único produto ou mercado é fundamental para enfrentar crises e oscilações econômicas.
Além disso, diversificar não significa apenas expandir o portfólio de produtos. Pode significar investir em novas geografias, adotar canais digitais ou até explorar setores diferentes, desde que alinhados à estratégia da família.
Esse movimento também ajuda a envolver as novas gerações, que costumam ter perfis mais digitais e inovadores. Assim, a expansão se torna uma oportunidade de aprendizado e de renovação do espírito empreendedor.
O desafio de atrair e reter talentos
Outro ponto decisivo é a capacidade de atrair profissionais qualificados. Muitas vezes, empresas familiares enfrentam dificuldade em competir com grandes corporações na busca por talentos.
Para mudar esse cenário, é essencial criar um ambiente de trabalho profissionalizado, que valorize a meritocracia, ofereça clareza sobre planos de carreira e mostre que a empresa tem futuro promissor.
Nesse sentido, as novas gerações de líderes familiares precisam se abrir para práticas modernas de gestão de pessoas, adotando benefícios, treinamentos e programas de desenvolvimento contínuo.
Profissionalizar sem perder a essência
A profissionalização é talvez o maior desafio dos negócios familiares. Isso não significa abandonar a cultura da família ou deixar de lado a história construída, mas sim criar estruturas mais sólidas de governança.
Definir papéis claros, separar funções de gestão e propriedade, instituir conselhos de administração e adotar práticas de compliance são medidas que fortalecem a empresa diante de crises e aumentam sua credibilidade junto ao mercado.
Com processos claros, torna-se mais fácil atrair investidores, firmar parcerias estratégicas e até preparar a organização para uma eventual abertura de capital.
O papel da sucessão planejada
A sucessão continua sendo um dos momentos mais delicados. Empresas que não se preparam para esse processo correm o risco de perder competitividade ou até encerrar atividades.
Planejar a transição com antecedência, treinar herdeiros e, sobretudo, considerar gestores externos quando necessário, são práticas que reduzem conflitos e mantêm a continuidade dos negócios.
Ainda mais importante é entender que cada geração traz uma visão distinta. Enquanto os fundadores geralmente priorizam o controle e a estabilidade, os sucessores podem buscar inovação e digitalização. O segredo está no equilíbrio.
Exemplos de resiliência no Brasil
Diversas empresas familiares brasileiras conseguiram atravessar gerações ao adotar estratégias de diversificação e profissionalização.

Um caso emblemático é o da Votorantim, que nasceu em 1918 e hoje atua em segmentos como cimento, metais, energia e agronegócio, sempre com governança corporativa sólida.
Outro exemplo é a Magazine Luiza, criada pela família Trajano. O grupo apostou na digitalização e no fortalecimento de sua liderança profissional, tornando-se referência no varejo nacional.
Também merece destaque a Gerdau, companhia familiar que expandiu para o mercado internacional e estruturou conselhos de administração independentes, mantendo-se competitiva no setor de siderurgia.
Essas histórias provam que a combinação entre tradição e inovação pode garantir longevidade e relevância para empresas familiares em um cenário de constantes mudanças.
Conclusão
A longevidade dos negócios familiares depende de três fatores principais: diversificação, profissionalização e atração de talentos. Juntos, esses elementos permitem que empresas construídas com base em esforço e tradição sigam crescendo, se reinventando e mantendo relevância por muitas gerações.
Em um mercado cada vez mais competitivo, quem conseguir alinhar o legado familiar às práticas modernas de gestão terá maior chance de prosperar no longo prazo.
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