Reforma Tributária traz riscos invisíveis para empresas do Simples Nacional

A Reforma Tributária promete simplificar o sistema de impostos no Brasil, mas especialistas alertam que os efeitos podem ser desafiadores para milhões de pequenos negócios no Simples Nacional — especialmente aqueles que atuam no modelo B2B (business to business).

Reforma Tributária e os impactos no Simples Nacional

Um estudo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revela que mais de 70% das empresas enquadradas no Simples Nacional atuam no modelo B2B (vendem para outras empresas).

Esse perfil está especialmente vulnerável às mudanças previstas para 2026, quando entram em vigor o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que alteram a lógica de créditos tributários.

Segundo Carlos Pinto, diretor do IBPT, o cenário pode prejudicar a competitividade de quem opta pelo Simples em relação aos regimes de Lucro Real e Presumido. Em entrevista, ele alertou:

“Com a reforma, o crédito passará a ser equivalente ao imposto efetivamente pago pelo prestador. Se a empresa optar pela segregação da CBS e do IBS, toda a lógica que se conhece mudará.”

Essa avaliação está registrada no Infomoney.

Setores mais expostos às mudanças

O levantamento do IBPT mostra que alguns segmentos do Simples podem ser os mais prejudicados com a transição:

SetorPercentual no SimplesRisco identificado
Confecções84,6%Dependência de lojistas (B2B) que buscam créditos de IBS/CBS.
Logística e transporte62,3%Atendem indústrias e podem perder atratividade como fornecedores.
Tecnologia e serviços digitaisAlta concentraçãoAtendem grandes empresas que exigem créditos tributários.

Esses setores, hoje majoritários no Simples, correm risco de perder espaço para concorrentes enquadrados em Lucro Presumido ou Lucro Real, regimes que continuarão gerando créditos mais robustos para seus clientes.

Risco invisível e necessidade de adaptação

Para negócios que vendem direto ao consumidor final, como salões de beleza, restaurantes e pequenos comércios, o Simples Nacional ainda tende a ser vantajoso. Já para empresas que atuam como fornecedoras de grandes cadeias produtivas, o risco é perder relevância em contratos estratégicos.

Embora a transição do novo sistema vá até 2033, especialistas afirmam que os efeitos negativos podem aparecer já nos próximos anos. Pequenos negócios que não repensarem seus contratos e estratégias podem sentir queda na demanda.

O que pequenas empresas podem fazer agora

De acordo com o IBPT, os empreendedores precisam se antecipar:

Para Carlos Pinto, não se trata apenas de reorganização interna:

“As pequenas empresas precisam se mobilizar, compreender a dimensão da mudança e não esperar que os efeitos apareçam para agir.”

Conclusão

A Reforma Tributária pode representar um divisor de águas no ecossistema de pequenas empresas brasileiras. Se, por um lado, promete simplificação, por outro, cria riscos invisíveis para milhões de empreendedores do Simples Nacional que dependem de contratos no modelo B2B.

A corrida agora é por informação e preparo. Entender o novo sistema, buscar suporte técnico e adaptar processos será essencial para que esse segmento continue competitivo em meio a uma das maiores mudanças fiscais da história recente.

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